Lousada foi terra de Sousões, dos Gascos, dos Vasques e dos Viegas, barões ilustres a quem muito devemos a criação e a afirmação da nacionalidade portuguesa.[1]
Segundo Alexandre Herculano toda a terra do Vale do Sousa foi parte integrante das terras de Ribadouro, cujos barões estiveram presentes em actos valorosos da batalha de S. Mamede.
O Julgado de Lousada pertencia à coroa e várias vezes por ela foi doado a fidalgos da primeira grandeza do reino, o que mostra a sua importância.[2]
Lousada esteve ligada a Egas Moniz, cujos domínios se estendiam para lá do rio Douro; a D.Martins Gil de Sousa, conde de Barcelos; e a outros fidalgos, tais como: D.Martim Leitão, D. Rodrigo Pires Alto, D. Rodrigo Forjaz, D. Chamoua Mendes, D. Urraca Martins, D.Elvira Vasques…[3]
Estes fidalgos, assim como o Clero, possuíam então, grande parte das terras de Lousada e algumas vezes resolviam alargar os seus direitos em detrimento da coroa. Daí a importância das Inquirições por parte desta, sendo a mais conhecida as Afonsinas (1528) e as de D. Dinis (1307).
A 20 de Março de 1372, D. Fernando fez conde de Barcelos, D.Afonso Teles Menezes e deu-lhe o senhorio de Lousada.[4]
A terra de Lousada voltou à coroa no reinado de D. João I que fez dela doação “ com todas as suas rendas, direitos, foros, tributos, direituras, senhorias e pertenças, ao condestável Nuno Álvares Pereira e este deu-a à sua neta D. Isabel que por sua vez a cedeu ao irmão D. Fernando, duque de Bragança.[5]
No reinado de D. João II, com a confiscação da casa de Bragança, o monarca doou Lousada a Fernão de Sousa, fidalgo do seu conselho.
D. Francisco de Portugal, 1º conde de Vimioso, comprou estas terras no reinado de D. Manuel I. Este mesmo rei haveria de dar foral à Vila de Lousada, no dia 17 de Janeiro de 1514”[6] 8
No século XVI Lousada era vista desta forma: “ Este concelho e terra de Loussada he do Conde do Vymyoso nom tem vylla nem castelo nem povoação junta nhua jaz antre o concelho de Unham e o termo do Porto e tem de termo de larguo e de comprido legoa e quarte…”[7]4
“O concelho corresponde, na sua quase totalidade, a uma circunscrição administrativa medieva situada na bacia do Sousa superior. Na passagem do século XI para o século XII menciona-se aqui uma série de acontecimentos e factos que lhe outorgam uma notável celebridade já antes da própria fundação da nacionalidade, com particular incidência para Meinedo, primitiva sede do Bispado do Porto. Algumas das suas Freguesias passaram a pertencer-lhe em virtude das reformas administrativas de 1834 e 1885, como no caso de Vilar do Torno e Alentem e Caíde de Rei, que andaram distribuídas pelos extintos concelhos de Unhão e Santa Cruz de Riba Tâmega antes de serem incorporadas”. [8]5
Em 1854 Lousada era sede de comarca, reunindo território dos concelhos de Lousada, Felgueiras e Barrosas.
Em 1909 era “ Villa da província do Douro, sede de concelho e de comarca, distrito, relação e Bispado do Porto. A freguesia é de S. Miguel, Silvares e Cristelos. Pertence à 6ª divisão militar, 11ª brigada, grande circunscripção militar do Norte, e ao distrito do de recrutamento e reserva número 20, com sede em Amarante. Em 1757 Lousada tinha 2700 fogos”.[9]3
Em 1758 Lousada tinha dezoito Freguesias. Hoje tem vinte e cinco.
Todas as paróquias que fazem parte do Concelho de Lousada pertencem eclesiasticamente à Diocese do Porto. Nem sempre foi assim, pois durante um milénio dezasseis delas fizeram parte do Arcebispado de Braga. Só a 4 de Setembro de 1882 foram restituídas à Diocese do Porto.
Na transição do litoral para o interior e no centro do Vale de Sousa, vamos encontrar o concelho de Lousada, sem fronteiras definidas por acidentes geográficos dignos de nota. Confina a norte com os concelhos de Vizela e Santo Tirso, a Sul com o de Penafiel, a Nascente com os de Amarante e Felgueiras e a Poente com os de Paredes e Paços de Ferreira.
É de facto e de direito o coração do Vale do Sousa por se encontrar situada no seu centro geográfico.
Lousada é terra de rara beleza. Ao longo dos séculos tem sido cantada, amada e venerada pela pena de ilustres Lousadenses.
Em 1949, “Zinid” escrevia que o concelho de “ Lousada é um dos mais ridentes, e que mais belezas naturais encerra, dos que fazem parte do distrito chefiado pele cidade do Porto”[10]. 1
Hoje Lousada ainda mantêm o seu encanto, apesar dos vários atentados que a sua paisagem e o seu património sofrem em cada dia que passa. É uma terra plena de raízes culturais e históricas, de belas e imensas paisagens, terra de lindas igrejas, capelas, cruzeiros, casas senhoriais.
É natural que “ os Lousadenses não dêem conta ou se alheiem do que de belo e pitoresco existe da frescura das terras de semeadora e vinhedos e numa ou noutra com casas solarengas a suscitar o apreço histórico de que se desvanece de tais relíquias. As penas e paletas de quem mais sabe poderão descrever e pintar paisagens em matizados recortes do centro do Vale do Sousa, que é por graça e nosso proveito, este Concelho. Não faltarão motivos, desde a simplicidade do seu povo, o seu génio e bairrismo, o seu culto pela beleza e harmonia e paixão pelo que distrai e diverte. É que temos capelas e cruzeiros, igrejas e alminhas, …, um pelourinho, …, resquícios de outras eras e de tempos severos. Lousada é um concelho laborioso e festeiro, …, e a miscelânea do passado e do presente serão o ramalhete a oferecer (a quem visitar Lousada) constatando a riqueza da nossa modéstia, …, mas com vontade férrea de vingar”.[11]
Lousada é terra de sedução e de património secular.
É a sede do concelho, típica Vila do interior.
Situa-se no Vale do rio Sousa, na zona de transição entre o Minho e a região do Douro.
É constituída pela freguesia de Cristelos e parte das freguesias de Silvares, Pias, Boim e Ordem.
Na década de 70 do último século era uma “modesta Vila de 1385 habitantes,...,. É uma Vila pacatíssima e familiar, com o seu casario branco e disperso, tem ao centro um jardinzinho sobranceiro, sobre o qual assenta a moderna capela do Sr. dos Aflitos, a igreja paroquial é em Mós. Daí se abrangem os rústicos arredores. Um pouco além está o Largo da Feira. Aí se concentram duas vezes por mês os produtos da lavoura, relativamente farta das cercanias (as frutas, os cereais, os legumes, etc.) e a dois passos, num recanto privativo, a exposição tradicional e transnacional do gado”.[12] 10
Hoje Lousada continua a ser uma Vila típica do Norte de Portugal, mas mais desenvolvida. O crescimento imobiliário, da indústria, do comércio, dos serviços e da oferta cultural são dados evidentes.
Paisagem
O concelho é banhado pelos rios Sousa e Mesio.
É um concelho de média altitude. Os pontos mais altos encontram-se nas freguesias de Lustosa e Barrosas (Santo Estêvão), sendo a sua altitude compreendida entre os 450 e 850 metros. Possui um clima de tonalidades atlânticas. A sua paisagem enquadra-se no Vale do Sousa. No miradouro da senhora da Aparecida e na Serra de Barrosas pode-se comprovar uma paisagem deslumbrante.
Lousada é terra de vales verdejantes. Abrangendo todo o horizonte, num largo semicírculo formado pela acidentada curva de montanhas do norte com vegetação muito verde. É um deslumbramento que sente o espírito ao ver esse imenso golfo de verdura, onde ainda hoje é possível admirar pequenas aldeias com vida.
Agricultura e Indústria
A população dedica-se cada vez menos à agricultura. Em pequenas propriedades cultiva-se o milho, a vinha, o centeio a batata e outros produtos hortícolas. Alguns agricultores dedicam-se à criação de gado, principalmente bovino.
O têxtil, o calçado, o mobiliário e os lacticínios são indústrias em expansão. É este sector industrial que absorve a maioria de mão-de-obra do concelho.
Um pequeno sector da população dedica-se ao artesanato, nomeadamente aos bordados, à cestaria, à doçaria e à pirotecnia.
Nos últimos anos o comércio, a construção civil e os serviços tem vindo a assumir um papel cada vez mais importante.
População
As terras que pertencem ao actual concelho de Lousada começaram por ser povoados por pequenos núcleos de famílias que por aqui se fixaram.
As habitações eram dispersas, pequenas e todas semelhantes.
A organização da sociedade Castreja tinha como elemento fundamental a família extensa.
Os Romanos, os Suevos e os Visigodos também por cá se fixaram.
A partir da Idade Média a população cresceu à volta das suas Igrejas, capelas e cruzeiros. A igreja passou a ser o centro de tudo.
Entre 1864 e 1920 o crescimento populacional foi muito lento. De 1920 a 1970 o aumento foi de catorze mil pessoas.
A partir da década de 70 o aumento tem sido gradual e progressivo tendo aproximadamente o concelho de Lousada actualmente cinquenta mil habitantes.[13]
Segundo o Instituto Nacional de Estatística, Lousada em termos etários da população é considerado o Concelho mais jovem da Europa.
Monumentos
É rico e diversificado o património do Concelho. Em quase todas as Freguesias há alminhas, cruzeiros, fontanários, capelas, igrejas, solares e casas apalaçadas.
Sobre o rio Sousa, em três pontos distintos, há três pontes românicas: Veiga, Vilela e Espindo. É importante referir que alguns dos monumentos do concelho estão incluídos na rota do românico.
Lousada possui um Pelourinho que é um magnífico monumento Nacional.[14]
[1] Ver Coordenação Concelhia de Lousada da Direcção Geral da Extensão Educativa - Lousada (Subsídios para a sua Monografia). Lousada: Ed. Câmara Municipal de Lousada, 1988, p. 15.
[2] Ver Lousada – A Vila e o Concelho. Lousada: Ed. Câmara Municipal de Lousada, 1993, p. 10.
[3] Ver Lousada - loc. cit.
[4] Ver Lousada - loc. cit.
[5] Ver Lousada - loc. cit.
[6] DIONISIO, Sant`Ana – Guia de Portugal. (s.l.): (s.e.), Vol. IV, 1964, p. 553.
[7] MAGALHÃES, F. Victor - O Concelho de Lousada no Numeramento de 1527. Lousada: Ed. Jornal de Lousada, 1992, p. 5.
[8] AZEVEDO, José Correia de - Portugal Monumental, Inventário Ilustrado. (s.l.): Ed. Nova Gesta, 1992, p. 10.
[9] LEAL, Pinho – Portugal Antigo e Moderno. Lisboa: Ed. Livraria Editora, 1909, p. 558 - 5559.
[10] ZINID - Jornal de Lousada nº 2685. Lousada: 1949, p. 1
[11] MAGALHÃES, Augusto – Revista de Lousada nº 2.Lousada: Ed. Jornal Terras do Vale do Sousa, 1991, p. 7. Supl.
[12] DIONISIO, Sant`Ana – ob. cit, p. 621 – 623.
[13] Ver Censos de 2001 - Instituto Nacional de Estatística.
[14] Ver Dec-Lei nº 23 - de 16 de Junho de 1910.
VIEIRA,Leonel - Os Cruzeiros de Lousada, U. Portucalense, 2004
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