Domingo, 13 de Setembro de 2009

«Lousada Antiga» - Das origens à primeira República -, é a mais recente obra que o Coronel Augusto Soares de Moura (da nobre Casa da Lama, Lodares) a todos presenteia com rara mestria e erudição. Obra dividida em dois volumosos e cuidados volumes. Sendo o primeiro volume dedicado ao Concelho e o segundo às Freguesias.

Em «Lousada Antiga» encontramos a história do nosso concelho desde as origens até 1910, relatada de forma científica, respeitando os acontecimentos, os factos e os documentos, isto é, estamos perante uma obra perfeita, sustentada e erudita, merecedora de um lugar de honra em todas as bibliotecas do nosso concelho, em particular, assim como em qualquer outra.

José Carlos Silva

Mestre em História De Arte Em Portugal

 



publicado por José Carlos Silva às 16:43 | link do post | comentar

Cruzeiro Paroquial

 

Os Cruzeiros paroquiais tinham por finalidade assinalar os limites físicos da paróquia.

São padrões públicos por excelência e símbolos de jurisdição paroquial.

 

“Desde a Idade Média, que o âmbito territorial de uma igreja, capela ou ermida, em posse e gozo de sua jurisdição, foi demarcado por cruzeiros, que lhe estabeleceram limites definidos”.[1][1]

As cruzes de pedra eram termos de propriedade e prova de domínio. Assim, a cruz como elemento sagrado, portanto respeitado por todos, era também marca de limites, de propriedade intocável.

O Cruzeiro paroquial é composto por: plataforma (de dois, três, quatro ou mais degraus); pedestal (soco, dado e cornija); coluna (base, fuste e capitel); e a cruz.[2][2]

Alguns Cruzeiros paroquiais são como pelourinhos, padrões de afirmação de poder, podendo atribuir-se-lhe um simbolismo político e social.

  

 Calvário e Via-Crusis

 

São Cruzeiros distribuídos em série ao longo dos caminhos ou na encosta do monte, em direcção a um calvário ou capela. Desenvolvem-se em teoria de via-sacra e distribuem-se pelas povoações ou dos subúrbios de uma Capela do Senhor do Calvário ou de outra invocação, mas principalmente e logicamente desta, e vão subindo o caminho sagrado até às três cruzes do Calvário, triunfantes, lá no alto, diante da Capela: é a Via- Crusis.[3][3]

Parece ser de origem Franciscana esta piedade contrastante, mas concordante na adoração realista do Salvador com a adoração do presépio. O fieis impossibilitados de ir aos lugares santos, percorrem nesta penitência os lugares do martírio assinalados pelas cruzes sucessivas.

 

O Cruzeiro de via-sacra tem hastes de secção quadrangular e a vertical é mais alongada que a horizontal.

 

 Cruzeiro do Cemitério

 

Cruzeiros colocados no interior do cemitério com a determinante função de santificar o local que recebe os restos mortais daqueles que em vida acreditaram na vida após a morte.

“Ergue-se o cruzeiro a lembrar aos vivos a piedade pelos mortos. Marca a passagem da Morte, não como tragédia e humilhação, mas esperança e triunfo”.[4][4]

Serve para alicerçar a ideia de que depois da morte haverá ressurreição, a vida, tal como aconteceu com Jesus Cristo.

   

 Cruzeiros do Centenário 

 

São símbolos da felicidade do nosso génio colonizador aos princípios eternos do evangelho, erguidos por todos os cantos do país, a quando das comemorações centenárias de 1940.[5][5]

Foi o Padre Moreira das Neves quem lançou a ideia da construção dos Cruzeiros da independência, aproveitando para tal iniciativa patriótica o espírito de respeito que o povo Português tinha pelos muitos padrões de fé existentes por todo o país.

Centenas de novos Cruzeiros foram colocados nas cidades, vilas e aldeias de Portugal. Uns com a colaboração das Câmaras Municipais e outros por iniciativa de particulares.

  

Estrutura de um Cruzeiro

 

Há vários tipos de Cruzeiros: de cruz, crucifixo, calvário e via-crusis.

Os cruzeiros normalmente são em granito, mármore, cimento e até em ferro.

Todos os Cruzeiros têm elementos comuns, o que torna mais fácil encontrar as diferenças.

A maioria dos Cruzeiros possui plataforma, que pode ter dois, três, quatro ou mais degraus.

Alem da plataforma, têm ainda o pedestal, a coluna, o capitel e a cruz.[6][6]

O pedestal é composto pelo soco, dado e cornija. É no dado que normalmente aparecem as inscrições ou outros elementos relacionados com a origem do Cruzeiro. O dado costuma ter forma cúbica ou cilíndrica.

A coluna é composta pelo fuste e capitel. O fuste pode ser diminuído ou pançudo, conforme o seu diâmetro vai diminuindo de baixo para cima. Pode ter forma cilíndrica lisa ou estriada.

O capitel é a parte superior, normalmente mais ou menos cónica, invertida, com ou sem adornos. Consta de formas variadas, com predomínio da troncopiramidal.

O capitel pode ser da ordem jónica, dórica ou coríntia.

Os Cruzeiros que possuem uma legenda, normalmente no dado, explicam os motivos que estiveram na origem da sua edificação.

A cruz pode ser constituída de formas muito diferentes: nodosa, cilíndrica, florejada.

 



SILVA, Leonel Vieira - Os Cruzeiros de Lousada - In Seminário de Licenciatura, U. Portucalense, 2004 

 

 

 

 

 

 

 

 

 



[1][1] CHAVES, Luís - ob. cit, p. 14.

[2][2]  BARREIROS, Manuel de Aguiar – Elementos de Arqueologia e Belas Artes. (s.l.): (s.e.), 3ª ed, 1951, p. 46 - 50.

[3][3]  MATOS, Sebastião - Cruzeiros e Alminhas de Barcelos. Barcelos: Ed. Gabinete Património, Câmara Municipal de Barcelos, 1994, p. 8.

[4][4]  CHAVES, Luís, ob. cit, p. 17.

[5][5] Ver Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira. (s.l.): Editorial Enciclopédia, Lda, Vol. XVIII,  (s.d.), p. 178.

[6][6] Ver CHAVES, Luís - ob. cit, p. 13.



publicado por José Carlos Silva às 12:55 | link do post | comentar

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