O Cruzeiro do Cemitério
É propriedade da Junta de Freguesia de Lodares.
Construído em granito, desconhecendo-se a data em que foi edificado.
Está em bom estado de conservação.
A cruz é quadrangular e assenta na base que, por sua vez, sobrepuja o pedestal. A haste vertical é mais alongada que a horizontal.
O pedestal é composto pela cornija e pelo dado cúbico.
A plataforma é quadrangular e tem dois degraus, um deles está parcialmente soterrado.
Está colocado na Mata do Passal, em local elevado e sobranceiro, mesmo em frente à Igreja matriz.Este Cruzeiro é igual ao sexto da mesma Via-Crusis.
É propriedade da Igreja Católica.
Construído em granito e em data que se desconhece, tal como toda a Via-Crusis.
Está em razoável estado de conservação.
A cruz é latina, quadrangular e estriada. A haste vertical é mais alongada que a horizontal.
A cruz assenta na cornija.
O pedestal é composto pela cornija e pelo dado cúbico.
O Segundo Cruzeiro da Via-Crusis
Situa-se na mesma Mata do Passal.
Este Cruzeiro é igual ao terceiro, quarto e quinto da mesma Via-Crusis.
Encontra-se em razoável estado de conservação.
A cruz é alta, quadrangular e assenta na cornija. A haste vertical é mais comprida que a horizontal.
O pedestal compõe-se pela cornija, pelo dado cúbico que está praticamente enterrado.
Encontra-se na mesma Mata do Passal e é um dos mais interessantes deste conjunto.
Está em razoável estado de conservação.
A cruz é embolada, estriada e a encimar a haste vertical há um tipo de “capitel” que não se consegue definir. A haste vertical é muito mais alongada que a horizontal e assenta na cornija.
O pedestal é composto pela cornija e pelo dado cúbico. O dado praticamente enterrado está ornamentado com flores nas suas quatro faces.
O Oitavo Cruzeiro da Via-Crusis
Situa-se na mencionada Mata do Passal.Este Cruzeiro é igual ao nono, décimo, décimo primeiro, décimo segundo e décimo terceiro da mesma Via-Crusis.
Está em razoável estado de conservação.
A cruz é latina, quadrangular, estriada e assenta na cornija. A haste vertical é mais alongada que a horizontal.
O pedestal é composto pela cornija e pelo dado cúbico.
Ao contrário dos Cruzeiros anteriores, o dado destes é bem visível e as estriadas só aparecem na face da haste vertical.
Está em ruínas. Precisa urgentemente de ser reabilitado.
Apesar do seu aspecto degradante percebe-se que se trata de um imponente Cruzeiro.
No local ainda é possível ver uma pequena parte do fuste que assenta na plataforma.
A plataforma é quadrangular e tem três degraus, sendo que um está quase todo soterrado.
O Cruzeiro Paroquial
Ergue-se no Adro, mesmo em frente da Igreja matriz.
É propriedade da Igreja católica.
Construído em granito no ano de 1809.
Está em bom estado de conservação.
A cruz primitiva partiu-se. A actual é mais baixa cinquenta centímetros.
Trata-se de uma cruz vazia que tem incisões e assenta numa base.
O pedestal é composto pela cornija, pelo dado e pelo soco.
A plataforma é quadrangular e tem dois degraus.
Este Cruzeiro integra a via-crusis da freguesia.
É um magnífico Cruzeiro. Encontra-se adossado a meio do muro no topo norte do Cemitério, sito no lugar da Igreja.
É propriedade da Junta de Freguesia de Casais. Construído em granito no ano de 1725.
Está em bom estado de conservação.
É um cruzeiro de crucifixo, com a imagem em granito de Cristo crucificado. A cruz é embolada e quadrangular na haste horizontal e latina e quadrangular na haste vertical. No topo da haste vertical estão gravadas as iniciais JNRJ. Na haste vertical estão esculpidos os ossos e a caveira em cruz – símbolos da morte.
O fuste assenta numa base octogonal.
O pedestal é composto pela cornija, pelo dado e pelo soco.
A plataforma é quadrangular e tem quatro degraus. Um dos degraus está praticamente soterrado.
Este Cruzeiro é exemplar único no concelho de Lousada.
Ergue-se no Adro da Capela de Santo António, sita no Lugar de Casais e a pouco mais de setecentos metros da Igreja matriz.
Este Cruzeiro integra a Via-Crusis de Casais.
É propriedade da Igreja Católica.
Construído em granito.
Desconhece-se a data da sua construção.
Está em bom estado de conservação.
A cruz é latina.
O capitel é quadrangular e muito simples.
O fuste assenta sobre o dado cúbico. O fuste é oitavado e diminuído, mas junto ao dado e ao capitel é quadrangular.
A plataforma é quadrangular e tem três degraus, sendo que um está totalmente soterrado.
A Via-Crusis
Esta via-crusis da Capela do Calvário ou do Calvário tem dez cruzeiros de via-sacra no adro da Capela da Nossa Senhora do Calvário e dois no caminho de acesso.[Quanto aos outros dois, como atrás foi referido, um é o Cruzeiro sito junto à Capela de Santo António e o outro o que se encontra do Adro da Igreja. É neste último que se inicia a via-sacra.
Os doze últimos Cruzeiros da via-crusis são todos iguais. A cruz é latina, quadrangular e a haste vertical é mais alongada que a horizontal.
A cruz assenta num pequeno dado cúbico.
São propriedade da Igreja Católica.
Construídos em granito.
Desconhece-se a data da construção, mas em meados deste ano sofreram obras de restauro, por isso estão em bom estado de conservação.
Curiosamente, apesar da via-crusis terminar no lugar do Calvário, não tem calvário.
O Cruzeiro Paroquial
Situa-se no topo poente do adro da Igreja matriz.
É propriedade da Igreja Católica.
Este interessante Cruzeiro foi construído em granito no longínquo ano de 1660.
Está em bom estado de conservação.
A cruz é latina e assenta no capitel.
A coluna é constituída pela base, pelo fuste circular e pelo capitel quadrangular. Entre o capitel e o fuste surge um colarinho e uma gola.
O pedestal é composto pela cornija, dado e soco. É no dado que se pode ler a data da construção.
A plataforma é quadrangular e tem três degraus.
Está edificado no centro do Cemitério, sito no lugar da Igreja.
Este Cruzeiro é propriedade da Junta de Freguesia de Cristelos.
Construído em granito.
Desconhece-se a data da sua construção.
Está em bom estado de conservação.
A cruz é apontada e estriada, sendo as pontas em forma de diamante. A haste vertical é muito mais alongada que a horizontal.
A cruz assenta na base da coluna.
O pedestal é quadrangular com gorgeira e é constituído pela cornija, pelo dado e pelo soco.
A plataforma é quadrangular e tem dois degraus.
Este Cruzeiro situa-se no topo nascente da Capela da Senhora da Conceição, sita no lugar do Souto.
É um Cruzeiro de limite de Capela e pertence à Igreja Católica.
Construído em granito em data que se desconhece.
Está em razoável estado de conservação.
A cruz é circular, maçanetada e assenta no capitel.
O capitel é quadrangular e simples.
O fuste é circular.
O pedestal é bastante original. É formado pela cornija que parece uma mesa, pelo dado e pelo soco.
A plataforma é quadrangular e tem dois degraus.
O Cruzeiro Paroquial
Está colocado no meio de um entroncamento, junto ao Cemitério, no lugar da Igreja.
É propriedade da Igreja Católica.
É um belo Cruzeiro construído em granito.
Desconhece-se a data da sua construção.
Está em bom estado de conservação.
A cruz é latina, quadrangular e assenta no capitel com ornatos em forma de meia-lua.
Entre o capitel e o fuste, na parte inferior, surge um colarinho e uma gola.
O fuste é circular e assenta numa base esférica.
O pedestal é constituído pela cornija, pelo dado e pelo soco.
A plataforma é quadrangular e tem dois degraus.
O Cruzeiro do Cemitério
Está edificado a meio do topo norte e próximo do muro do Cemitério, sito no lugar da Igreja.
É propriedade da Junta de Freguesia de Figueiras.
Construído em granito em data que se desconhece.
Está em bom estado de conservação.
A cruz é circular e as pontas terminam em bico. No capitel hexagonal assenta a cruz.
O fuste sobrepuja a base e também é hexagonal.
O pedestal achanfrado é constituído pela cornija, pelo dado e pelo soco.
A plataforma é quadrangular e tem dois degraus.
Este incaracterístico Cruzeiro está edificado num local ermo, em cima de um penedo denominado “Penedo do Sol”. O penedo tem forma cónica e está repleto de incisões.
É propriedade da Casa de Rio de Moinhos.
Construído em granito e em data desconhecida.
Apesar de parecer estar abandonado, está em muito bom estado de conservação.
Tem uma cruz hexagonal que assenta numa pequena base quadrangular. A haste vertical é mais alongada que a horizontal. As faces são hexagonais, sendo que a haste vertical é quadrangular na sua parte inicial, junto à plataforma que é o penedo.
Ao observarmos este Cruzeiro somos levados a concluir que se trata de um fenómeno de sacralização de um espaço pagão.
Estava encaixada nos limites da Ribeira do Sousa, a sul do lugar do Torrão, banhada à direita pelo rio Sousa e à esquerda pelo rio Mesio; desta freguesia avistava-se a Vila de Arrifana de Sousa, à distância de meia légua. Santa Marinha de Lodares, tinha dezoito lugares: Lodares, Soalheira, Perpe, Juía, Sousa, Souto, Ribeiro, Melote, Pousada, Bacelo, Prazeres, Quintans, Vilar, Roupar, Sequeiros, Pontinhas, Boussó e Lama, e somava cento e dez fogos e trezentos e noventa e sete habitantes.147
Em 1706 a freguesia de Santa Marinha de Lodares era abadia dos Mosteiros de Paço de Sousa e de Cete, rendia duzentos e cinquenta mil réis,148 e tinham direito a apresentar o pároco, de forma alternada, o Papa, o Bispo do Porto e os Religiosos do Convento de Cete.149 Este beneficio150 totalizava em 1758 um rendimento de quinhentos mil réis.151 Seiscentos mil réis, era quanto rendia em 1788,152 e em 1801, 700$000.153 Mas em 1874, Lodares baixava o seu rendimento para quinhentos mil réis.154
________________________________
143 - CARDOSO, P. Luís - o. c., p. 642. Cf. I. A. N./ T. T. - Dicionário Geográfico. 1758, vol. 11, fl. 2169; BAPTISTA, João Maria - o. c., p. 683; Dicionário Enciclopédico das Freguesias. - o. c., p. 251.
144 - D’ ALMEIDA, António - o. c., p. 108. Cf. LEAL, Augusto Soares d’ Azevedo Barbosa de Pinho - o. c., p. 534; COSTA, Agostinho Rebelo da - Descrição e Topográfica e Histórica da Cidade do Porto, o. c., p. 128.
145 - I. A. N./ T. T. - Dicionário Geográfico. 1758, vol. 11, fl. 2169.
146 - I. A. N./ T. T. - Dicionário Geográfico. 1758, vol. 11, fl. 2170.
147 - I. A. N./ T. T. - Dicionário Geográfico. 1758, vol. 20, fl. 1009.
O pároco desta freguesia, em 1758, estava suspenso, sendo o padre encomendado,155 o cura Manuel Nunes da Rocha. E tinha três beneficiados simples: um era o Prior de Cedofeita, com um rendimento de sessenta mil réis; o segundo era o padre Cristóvão da Silva Leão, assistente em Lodares, que usufruía de um rendimento de quarenta mil réis; e o terceiro, o Padre Anselmo com vinte mil réis.156
Na igreja paroquial de Lodares, o ex-libris era o altar das Almas com a sua irmandade; e à capela de Santa Isabel iam alguns “ clamores de preciçoez” no seu dia e em dia de Santo António.157
________________________________
148 - CARDOSO, P. Luís - o. c., p. 642. Cf. SILVA, José Carlos Ribeiro da-o. c., p. 140; D’ ALMEIDA, António - o. c., p. 112.
149 - D’ ALMEIDA, António - o. c., p. 112. Cf. SILVA, José Carlos Ribeiro da - o. c., p. 140.
150 - Ver nota 114.
151 - “O parocho desta freguezia he abade e de prezente esta suspenso e tem emcomendado e aprezentação da igreja he dos padroeiros nomeados no segundo dos enterrogatórios poderá render pouco mais ou menos este benefício quinhentos mil reis.” I. A. N. /T. T. - Dicionário Geográfico, 1758, vol. 20, fl. 1009.
152 - COSTA, Agostinho Rebelo da - o. c., p. 128.
153 - D’ ALMEIDA, António - o. c., p. 112.
154 - Ver nota 152.
155 - “Diz-se do padre que rege interinamente uma paróquia (em oposição a colado).” COSTA, J. Almeida, MELO, A. Sampaio - o. c., p. 527.
156 - I. A. N./ T. T. - Dicionário Geográfico. 1758, vol. 20, fl. 1009.
157 - I. A. N./ T. T. - Dicionário Geográfico. 1758, vol. 20, fl. 1010.
Estendia-se por um vale “de singelos campos de cultura”140 e desta freguesia avistava-se a Vila de Arrifana de Sousa, que ficava a uma légua de distância; era constituída por oito lugares: Lagoa, Agro do Favo, Crasto, Baixo, Costa, Barreiro, Burgo, Marecos, alcançando oitenta e nove fogos e trezentos e dezoito habitantes. Em 1706 a freguesia de Santo André de Cristelos era abadia do Mosteiro de Vilela, com reserva, e tinha a obrigação de dar um jantar e ceia, anualmente, ao Prior do Mosteiro e a dois homens a cavalo, assim como a todos os que fossem a pé como acompanhantes; rendia, anualmente, duzentos e vinte mil réis,141 rendimento aumentado, em 1751 para duzentos e oitenta mil réis.142
Segundo a Memória Paroquial de Cristelos, o abade era “alternativa a aprezentaçam a saber Sua Santidade, o Senhor Ordinario do mesmo Bispado, e os Religiosos de Santo Agostinho do Convento de Nossa Senhora do Pillar da Serra da cidade do Porto, e rendera annualmente quatro centos e sincoenta para quinhentos mil reis.”143 Em 1801, os frades Crúzios do Mosteiro de Vilela apresentavam o pároco. Rendia, então, por ano, seiscentos mil réis.144
________________________________
138 - “O Parocho nesta freguezia he vigario ad nutum aprezentacão do Reytor de Santa Maria de Albarenga. Tem de renda que paga o rendeiro ao vigario dez mil reis tres libras de cera, dous alqueires de trigo, e trinta alqueires de pão meado, e vinte e dous almudes de vinho. As obradas que pagão os freiguezes fazem sincoenta medidas, e hum campinho que he da residencia colheu o São Miguel passado quinze alqueires de pão, e de vinho quinze almudes. O qual pão todo vendido ao preço de doze vinteis fás a soma de vinte e coatro mil reis, ajuntando o dinheiro que paga o rendeiro cera, e trigo são quarenta mil reis o certo, os incertos são muito lemitados porque a freiguezia he pequena, e muita pubreza, e finalmente della não pode viver hum parocho comforme pede a sua decência.” I. A. N. /T. T. - Dicionário Geográfico. 1758, vol. 10, fl. 1876.
139 - I. A. N. /T. T. - Dicionário Geográfico. 1758, vol. 10, fl. 1876.
140 - VIEIRA, José Augusto - o. c., p. 355. Cf. “Está esta freguezia cituada em hum valle entre sinco montes de pouca entidade a saber o monte de Laboreyros, o monte de Pensucos, o monte do Urjal, o monte de Sam Domingos, o monte da Costa.” I. A. N./ T. T. - Dicionário Geográfico. 1758, vol. 11, fl. 2169.
141 - CARDOSO, P. Luis - o. c., p. 641; COSTA, Américo - o. c., p. 496.
142 - COSTA, P. António Carvalho - o. c., p. 338. Cf. Lousada Terra Prendada, p. 89; SILVA, José Carlos Ribeiro da - o. c., p. 121; OLIVEIRA, Rosa Maria - o. c., p. 53; COSTA, Américo. - o. c., p. 496.
A imagem de Santo André, padroeiro desta freguesia, estava colocada no altar da capela-mor da igreja paroquial, do lado do evangelho; o altar que se situava à esquerda era da irmandade das Almas, ali representadas pictoricamente; a sua festa era no mesmo dia da romaria de St.º André, promovida pelos seus titulares.145
Envolviam esta freguesia cinco montes, de pouca importância: Laboreiros, Pensucos, Urjal, S. Domingos e da Costa.146
________________________________
143 - CARDOSO, P. Luís - o. c., p. 642. Cf. I. A. N./ T. T. - Dicionário Geográfico. 1758, vol. 11, fl. 2169; BAPTISTA, João Maria - o. c., p. 683; Dicionário Enciclopédico das Freguesias. - o. c., p. 251.
144 - D’ ALMEIDA, António - o. c., p. 108. Cf. LEAL, Augusto Soares d’ Azevedo Barbosa de Pinho - o. c., p. 534; COSTA, Agostinho Rebelo da - Descrição e Topográfica e Histórica da Cidade do Porto, o. c., p. 128.
145 - I. A. N./ T. T. - Dicionário Geográfico. 1758, vol. 11, fl. 2169.
146 - I. A. N./ T. T. - Dicionário Geográfico. 1758, vol. 11, fl. 2170.
Freguesia de S. Tiago de Cernadelo.
A freguesia de S. Tiago de Cernadelo ficava situada a Este do concelho de Lousada e encaixava-se no vale do monte de Santo Eusébio,134 comportando vinte lugares: Palhães, Ribeiro, Casa de Cima, Carreira, Casa de Sub-Ribas, Agras, Boca Negra, Moinho Novo, Seara, Carvalheiras, Tresvale, Cima de Vila Barroco, Regadas, Paço, Figueiredo, Barreiro, Tojal, Casal, Outeiro, Monte de S. Pedro. Contava oitenta e oito fogos e duzentos e trinta e sete moradores.135
O Reitor de Alvarenga apresentava o vigário, que era ad nutun,136 tinha de renda quarenta mil réis;137 o rendeiro pagava 10$000 réis de renda ao vigário, três libras de cera, dois alqueires de trigo, trinta alqueires de pão meado e vinte e dois almudes de vinho; os habitantes desta freguesia pagavam 50 medidas, em obradas.138
No campo, que pertencia à residência paroquial, produzia-se e colhia-se, pelo S. Miguel, em média, quinze alqueires de pão e quinze almudes de vinho. Estes eram os rendimentos anuais do padre de Cernadelo, que os considerava irrisórios para pastorear condignamente a paróquia.139
________________________________
133 - A capela de S. Jorge vai ser erecta, muito mais tarde, precisamente nesse local, assim como a festa e a feira de bois aí vão surgir. I. A. N. /T. T. - Dicionário Geográfico. 1758, vol. 7, fl. 957. Cf. COSTA, Américo - o. c., p. 758 -759; LEAL, Augusto Soares d’ Azevedo Barbosa de Pinho - o. c., p. 407; BAPTISTA, João Maria - o. c., p.680.
134 -“Esta esta (sic) freyguezia situada em hum Valle de hum monte chamado monte de Santo Jebres, corrupto vocabulo, porque antigamente dizerem estivera huma cappella de Santo Euzebio no alto do dito monte; e assim os discretos, lhe chamao o monte de Santo Euzebio.” I. A. N./ T. T. - Dicionário Geográfico. 1758, vol. 10, fl. 1875.
135 I. A. N./ T. T. - Dicionário Geográfico. 1758, vol. 10, fl. 1875.
136 - À ordem, à vontade. Dicionário Enciclopédico Koogan Larousse Selecções, p., 921.
137 - I. A. N. /T. T. - Dicionário Geográfico. 1875, vol. 10, fl. 1875. Cf. COSTA, Américo - o. c., p. 297; LEAL, Augusto Soares d’ Azevedo Barbosa de Pinho - o. c., p. 249-250; BAPTISTA, João Maria - o. c., p. 682- 883; Lousada Terra Prendada, p. 85; À Descoberta de Lousada, p. 6; SILVA, José Carlos Ribeiro da - As Capelas Públicas de Lousada. Seminário de Licenciatura em História - Variante Património. 1997, p. 100.
138 - “O Parocho nesta freguezia he vigario ad nutum aprezentacão do Reytor de Santa Maria de Albarenga. Tem de renda que paga o rendeiro ao vigario dez mil reis tres libras de cera, dous alqueires de trigo, e trinta alqueires de pão meado, e vinte e dous almudes de vinho. As obradas que pagão os freiguezes fazem sincoenta medidas, e hum campinho que he da residencia colheu o São Miguel passado quinze alqueires de pão, e de vinho quinze almudes. O qual pão todo vendido ao preço de doze vinteis fás a soma de vinte e coatro mil reis, ajuntando o dinheiro que paga o rendeiro cera, e trigo são quarenta mil reis o certo, os incertos são muito lemitados porque a freiguezia he pequena, e muita pubreza, e finalmente della não pode viver hum parocho comforme pede a sua decência.” I. A. N. /T. T. - Dicionário Geográfico. 1758, vol. 10, fl. 1876.
139 - I. A. N. /T. T. - Dicionário Geográfico. 1758, vol. 10, fl. 1876.
Freguesia de S. Vicente de Boim.123
A terceira freguesia do concelho de Lousada situava-se num vale 124 que mais parecia uma “campina raza, fria, mas saudável”125 encaixada que estava entre alguns montes, principalmente, o monte de S. Jorge, a Nascente, e o monte de Bade a Norte.126 S. Vicente de Boim compreendia dezanove lugares: Boim, Marecos, Sedoura, Penedo, Outeirinho, Barroca, Sá, Eiras, Campos, Ermeiro, Gerovila, Assento da Igreja, Real, Arcas, Corgo, Costa, Carcavelos, Tunim, Vila Chã. E tinha setenta e três fogos e duzentos e trinta e oito habitantes.127
________________________________
123 - “Boim chamou-se antigamente Gui e depois Goi, e esta palavra celta significando - agarico -planta sagrada para esse povo primitivo, deixamos entrever em Boim ou Gui - a terra do agarico -solemnemente visitada pelos sacerdotes e povo celta, no sexto dia da lua no nevado mez de Dezembro. Era esse o dia marcado para a colheita da planta symbolica, a planta sagrada da nação guerreira, que os livros santos druidas só permitiam colher no sexto dia da lua de Dezembro. Assim explicada a etymologia de Boim, a imaginação vê surgir além, por entre as carvalheiras que fecham estes vales, a procissão solemne que vem á colheita do gui. Marcham na frente dois adivinhos cantando hymnos sagrados e balladas patrióticas, de uma profunda suavidade lyrica. Segue-os o arauto empunhando o cadaceo symbolico, e logo depôs os tres sacerdotes druidas com os instrumentoss necessários para o sacrifício. O pontifice magno, vestido de alva túnica de linho, fecha o religioso préstito, após o qual vem o povo, o grande visionário de todos os tempos, receber o talisman da ventura das mãos da religião. Chegam ao pé da arvore sagrada. O pontífice sobe ao carvalho e corta com a foice de oiro o gui, que os sacerdotes recebem em baixo, solemnente, no sagum branco, estendido em toalha. A cerimonia repete-se tantas vezes, quantas o sacerdote julga indispensável para poder distribuir pelo povo o agarico santo. A colheita findou, mas não concluiu a solemnidade. Ouvem-se mugir dois toiros brancos; são as victimas offerecidas ao bom Deus, que confiou o gui ao carvalho, para que este desse ao seu povo. Á immolação segue-se um esplêndido festim.” VIEIRA, José Augusto - o. c., p. 362 - 363. Cf. COSTA, Américo - o. c., p. 758 - 759.
124 - “Está situada em hum válle e circuitada pela parte do Nascente com alguns montes de pouca entidade e com permediação de outros pela parte do Norte, donde se descobre a povoação da villa de Arrifana de Souza que fica distante huma légoa.” I. A. N. /T. T. - Dicionário Geográfico. 1758, vol. 7, fl. 955.
125 - LEAL, Augusto Soares d’ Azevedo Barbosa de Pinho - o. c., p. 407. Cf. I. A. N. /T. T. - Dicionário Geográfico. 1758, vol. 7, fl. 955.
126 - I. A. N. T. T. - Dicionário Geográfico. 1758, vol. 7, fl. 955.
127 - I. A. N. T. T. - Dicionário Geográfico. 1758, vol. 7, fl. 956. Cf. COSTA, Américo - o. c., p. 759; BAPTISTA, João Maria - o. c., p. 680-881.
Era curato128 e a sua apresentação cabia ao Abade do mosteiro de Santo Tirso de Riba D’Ave, mosteiro que recebia de renda, anualmente, duzentos e cinquenta e seis mil réis.
O cura desta igreja tinha o rendimento do pé-de-altar129 e do passal,130 de quarenta e cinco mil réis, por ano. A igreja abrigava a irmandade de Nossa Senhora do Rosário, no altar do lado esquerdo, e aquela era privilegiada, por ter uma bula que se reformava de sete em sete anos.131 Ao Senhor dos Desamparados, que ficava no altar do lado direito, faziam os fregueses de Boim romaria quase todos os domingos e dias santos. E a vinte e três de Abril decorria a festa em honra de S. Jorge.132 No dia da sua romaria havia sermão e missa cantada na igreja paroquial, e procissão até à capela da mesma invocação, que ficava no alto do monte de S. Jorge. A imagem do santo estava colocada no altar do Santo Nome, da igreja paroquial. No fim da festa era levada da igreja até à capela onde estava a outra imagem do mesmo santo, e aí ficava até ao fim do dia.
No monte de S. Jorge, ao redor da capela, havia também feira de bois, uma vez que S. Jorge era o protector dos bovinos.133
________________________________
128 - Povoação pastoreada por um cura. COSTA, J. Almeida; MELO, A. Sampaio-Dicionário da Língua Portuguesa. 5ª edição, Porto: Porto Editora, LDA, [s/d], p. 403. Cf. Dicionário Enciclopédico Koogan Larousse Seleções. Lisboa-Rio de Janeiro-Nova Iorque: Selecções do Reader’s Digest, 1992, vol. I, p. 263.
129 - Rendimento que os párocos usufruem pelos serviços religiosos prestados aos paroquianos. COSTA, J. Almeida; MELO, A. Sampaio - o. c. , p. 1073.
130 - Terreno anexo à igreja ou à residência paroquial para rendimento do pároco. COSTA, J. Almeida; MELO, A. Sampaio - o. c. , p. 1064.
131 - I. A. N. /T. T. - Dicionário Geográfico. 1758, vol. 7, fl. 956.
132 - “Santo fabuloso, originário da Capadócia. Guerreiro valente, salva a vida da filha do Rei matando o terrível dragão, que a queria devorar. Foi eventualmente martirizado de maneiras bizarras. A sua lenda foi rejeitada no século V por um concílio, mas persistiu e ganhou enorme popularidade no tempo das Cruzadas. Iconograficamente, é representado como um jovem imberbe, de armadura, tanto a pé como num cavalo branco, com cabelos compridos, um dragão aos pés e a lança quebrada. Tem por vezes uma espada nua e um estandarte branco com uma cruz vermelha.” TAVARES, Jorge Campos -Dicionário de Santos. 3ª Edição (revista), Porto: Lello Editores, 2001, p. 88. Cf. HALLAM, Elizabeth -Os Santos. 1ª edição. Lisboa: 1998, p. 88.
133 - A capela de S. Jorge vai ser erecta, muito mais tarde, precisamente nesse local, assim como a festa e a feira de bois aí vão surgir. I. A. N. /T. T. - Dicionário Geográfico. 1758, vol. 7, fl. 957. Cf. COSTA, Américo - o. c., p. 758 -759; LEAL, Augusto Soares d’ Azevedo Barbosa de Pinho - o. c., p. 407; BAPTISTA, João Maria - o. c., p.680.
Freguesia de Santa Maria de Alvarenga.
Situada num vale104, a duas léguas de distância do lugar do Torrão, contava com doze lugares: Igreja, Cabo Vila, Além, Bairro, Bouça, Cunha, Costa, Rabada, Feira, Herdade, Carris e Casatermo. Alguns deles só tinham um casal. Confrontava de Norte a Nascente com as freguesias de Santa Margarida, S. Miguel e S. João de Macieira; a Sul com Santa Cristina de Nogueira; a Poente com S. Miguel de Silvares; e de Poente para Norte a Serra do Calvelo.105
Era da comenda do Marquês de Angeja, tinha quarenta e dois fogos e cento e quarenta e dois habitantes e tinha fracos recursos,106 sendo os rendimentos da igreja insuficientes. E por essa mesma razão o abade de Santa Maria de Alvarenga, José Álvares da Silva, lamentava-se das dificuldades com que vivia.107
Na igreja existiam duas confrarias: a da Senhora do Rosário e a do Menino Deus, que promoviam festejos em honra desses titulares. A festa do Menino Deus realizava-se a 25 de Dezembro, e a romaria da Senhora do Rosário a oito de Setembro, no mesmo dia da Padroeira. Havia ainda a romaria de S. Lourenço, no lugar de Baixo.108
________________________________
104 - “Está cituada na cabeceyra de hum vale, depois de hum monte, donde se descobrem várias freguesias para a parte do Nascente, (…).” I. A. N. /T. T.- Dicionário Geográfico, 1758, vol.3, fl. 297.
105 - I. A. N. /T. T. - Dicionário Geográfico, 1758, vol.3, fl. 297.
106 - “ Santa Maria de Alvarenga, freguesia na Província de Entre Douro e Minho, Arcebispado de Braga, Comarca de Barcellos, Concelho de Louzada. He reytoria da mytra; o parocho tem quarenta mil reis. He patrimonio da Ordem de Christo, em cujo livro anda com o titulo de comenda. Rende ao comendador, com a annexa de Villa-Garcia, cento e oitenta mil reis. Tem dezasseis vizinhos. He anexa a esta freguezia a de Santiago de Cernadello, cujo vigário he apresentado pelo reytor desta.” CARDOSO, P. Luiz - Diccionario Geografico ou Noticia Histórica de Todas as Cidades, Villas, Lugares e Aldeas Rios, Ribeiras, e Serras, dos Reynos de Portugal … Tomo I, Lisboa: 1747, p, 388. Cf. I. A. N. /T. T. - Dicionário Geográfico, 1758, vol.3, fl. 297.
107 - “ (…) de lemitados rendimentos porque a congrua he lemitada e o pe do altar muyto tenue porque os moradores são poucos.” I. A. N. /T. T.- Dicionário Geográfico, 1758, vol.3, fl. 297.
108 - “Tem esta igreja duas confrarias, huma da Senhora do Rosario fundada no altar colateral da mesma Senhora, fica esta para a parte de entre poente e Norte; outra do Menino Deos, funda no outro altar colateral dedicado ao mesmo Menino Deos, e fica para aparte do Sul; fazendo as festas destas confrarias, a do Menino Deos dia do Seu santo nascimento, ou das oitavas; a da Senhora a oyto de Setembro, uniforme; e junto com a da padroeira; (…).” I. A. N. /T. T. Dicionário Geográfico, 1758, vol. 3, fl.298.
Na serra do Calvelo qualquer um podia “montear e cortar mato,” e nesta havia raposas, lebres e perdizes. 109
Freguesia de S. Salvador de Aveleda.
Localizada num vale rodeado de povoações, confinava com as freguesias de Caíde e de Alentém, que estavam “alem do Rio Souza para a parte do Nascente;”110 a Norte fazia fronteira com as freguesias de S. João de Macieira e de Santa Cristina de Nogueira; a Poente com a freguesia de S. Miguel de Silvares; a Sul limitava com a freguesia de S. Lourenço de Pias. Aveleda ficava a menos de meio quarto de légua da sede do concelho e pertencia a três termos: Lousada, Unhão, e Santa Cruz.111 Era constituída pelos seguintes lugares: Paiva, Barroca, Pontesinhas, Vila Nuste, Encosta, Vila, Barrimau, Agrela, Lamas de Baixo, Lamas de Cima, Palhais, Covo, Casal, Casais Novos, Lama, Barrelas, Cartão, Mourinho, Gens, Aveleda, Almenta, mas muitos destes lugares só tinham um ou dois habitantes.112 Tinha cento e vinte e quatro fogos e quatrocentos e setenta e cinco moradores, e a igreja era abadia de apresentação da Casa de Bragança.113
________________________________
109 - Na serra do Calvelo podiam ”montear e cortar mato; esta he de natureza fragosa e os matos são piquenos a que o vulgo chama queyro, alguns carqueja, mas pouco, se criao algumas raposas, lebres e perdizes mas tudo em pouca quantidade.” I. A. N. /T. T. Dicionário Geográfico, 1758, vol 3, fl.231.
110 - I. A. N. /T. T. - Dicionário Geográfico, 1758, vol. 5, fl. 847.
111 -“Esta freguezia dividesse para trez concelhos a saber para o concelho de Louzada que domina a maior parte della; para o concelho de Unhao e para o concelho de santa Crus, e nestes trez concelhos ha em cada hum delles juiz ordinario, e camaras sogeitas ao Governo das Justiças da Relação do Porto.”I. A. N. /T. T. - Dicionário Geográfico, 1758, vol. 5. fl. 847.
112- I. A. N. /T. T. - Dicionário Geográfico, 1758, vol. 5, fl. 849.
113 - I. A. N. /T. T. - Dicionário Geográfico, 1758, vol. 5. fl. 847. Cf. COSTA, Américo - o. c., p. 1126.
SILVA, José Carlos - In A Casa Nobre No Concelho de Lousada
O Concelho de Lousada na segunda metade do século XVIII.
A 1 de Novembro de 1755 eram doze as freguesias que constituíam o concelho de Lousada, sendo que à Diocese de Braga pertenciam as freguesias de Santa Maria de Alvarenga, S. Salvador de Aveleda, S. Tiago de Cernadelo, Santa Margarida, S. Miguel de Silvares e S. Miguel de Lousada. As freguesias de S. Vicente de Boim, S. João Evangelista de Nespereira, St.º André de Cristelos, Stª Marinha de Lodares, S. Lourenço de Pias e S. Salvador de Novelas, faziam parte do Bispado do Porto.
Administrativamente, à comarca de Penafiel estavam afectas as freguesias de S. Vicente de Boim, Cristelos, Lodares, Novelas e Pias, e à comarca de Braga, as freguesias de Alvarenga e Aveleda. Da comarca de Barcelos eram as freguesias de Cernadelo e Nespereira. S. Miguel fazia parte dos concelhos de Lousada e de Unhão, e à correição de Barcelos estavam sujeitas as freguesias de Boim e Santa Margarida. A freguesia de Silvares fazia parte da comarca de Guimarães.
A produção agrícola, tal como a criação de gado eram transversais ao conjunto das freguesias, a saber: milho grosso ou milhão, milho branco miúdo, centeio, trigo, painço, feijões brancos, pretos, pardos e fradinhos ou galegos, vinho verde, de enforcado, azeite, frutas; e ovelhas, porcos e aves respectivamente.92
O concelho de Lousada não tinha correio próprio, pelo que a maior parte das freguesias utilizava o que passava pela Vila de Arrifana de Sousa,93 enquanto, por exemplo, Alvarenga94 se servia do que vinha de Celorico de Basto. No conjunto, o trajecto final era idêntico - de Arrifana de Sousa para a cidade do Porto.
________________________________
92 - I. A. N. /T. T.- Dicionário Geográfico, 1758, vol. 35, fl. 1230. Cf. MAIA, Fernanda Paula Sousa - O Mosteiro De Bustelo: Propriedade E Produção Agrícola No Antigo Regime (1638 - 1670 e 1710 - 1821). Porto: Movilibro, 1991, p. 34, Revista de Lousada 2 - In Suplemento Ao Jornal Nº 321 TVS-TERRAS DO VALE DO SOUSA -5 de Março de 1991, fl. 21.
93 - “Foi no dia 7 de Outubro de 1741 que o Lugar d’ Arrifana de Sousa entrou na posse da perrogativa de Villa.” D’ ALMEIDA, António - o. c., p. 47.
94 - “Tem ou servece do correio que vai nas quintas feiras de Basto para o Porto, e vem do Porto nos domingos e passa pela estrada entre os limites desta freguesia e santa Crystina de Nogueira.” I. A. N. /T. T. - Dicionário Geográfico, 1758, vol.3, fl. 300.
As Memórias Paroquiais referem que este concelho gozava de certos privilégios, aliás plasmados em duas delas: Cernadelo e Silvares. Em relação à primeira - Cernadelo: “Tem este concelho de Louzada os previlegios de não vir a elle soldados dar verde aos caballos.”95 Quanto à segunda - Silvares: “Tem esta freguezia, e todo o concelho de Louzada, os previllegios da serenissima Caza do Estado de Bragança que concedem que os moradores desta freguezia como vassallos da Serenissima Real Caza de Estado de Bragança nam sejam compelidos para diante de outro algum juizo, e so podem ser compelidos para diante do juis ordinario deste concelho, nem pode sahir daqui cauza alguma ou seja de materia civel, ou seja de materia crime e sentenciadas as cauzas pelos juis deste concelho podem ser avocadas por appelaçam para o auvio supperior da Ouvidoria da villa de Barcellos, e do juízo da Ouvidoria da villa de Barcellos, vam appellados para a Relação da Cidade do Porto. So sim gozam o privillegio de poderem ser compelidos para o juízo das alçadas novas da Relaçam da cidade do Porto sendo autores os muito pobres, e tambem mossas donzellas e viuvas.”96
Dois eram os rios que cruzavam este concelho: o rio Sousa, que nascia no lugar de Lamas - Margaride, no concelho de Felgueiras, desaguando no rio Douro; 97 e muito perto da capela de Santa Águeda, brotava o rio Mesio, com foz no rio Sousa, no lugar de Souselinha.98 Nenhum deles era navegável. Nas suas margens podiam encontrar-se vários tipos de árvores como salgueiros, amieiros, castanheiros, carvalhos e vides de enforcado. O uso da água era livre tal como a pesca;99 esta com uma variedade relativamente restrita, mas que se alargava a trutas, bogas e escalos. A pesca ao barbo só se fazia no rio Sousa, enquanto que a da lampreia era exclusiva do rio Mesio. Estes dois rios tinham os seus afluentes.
________________________________
95 - I. A. N. /T. T. - Dicionário Geográfico, 1758, vol.10, fl. 1875.
96 - I. A. N. /T. T. - Dicionário Geográfico, 1758, vol.35, fl. 1231.
97 - “Passa pellas margens desta freguezia pela parte do Nascente o rio chamado Souza, (…). Cria trutas, vogas, escallos, e alguns barbos. Em todo o anno se pesca, excepto nos meses proibidos. Este rio passa por entre prados cultivados com seus arvoredos ao redor, como são salgueyros, amieyros, castanheyros, e carvalhos, com suas vides que dão vinho verde (…). Morre no rio Douro no sitio a que chamão Entre ambos os Rios, (…). Uzão livremente os moradores desta freguezia da agua deste Rio...” I. A. N. /T. T. - Dicionário Geográfico, 1758, vol.5, fl. 854.
98 - I. A. N. /T. T. - Dicionário Geográfico, 1758, vol.5, fl. 854.
99 - I. A. N. /T. T.- Dicionário Geográfico, 1758, vol.5, fl. 854.
O regato do Fontão deslizava por entre as freguesias de Cristelos e de Silvares, de Nascente para o Poente. Era um curso de água pouco caudaloso, que nascia na serra do Calvelo, na vizinha freguesia de S. Miguel de Silvares e desaguava no Rio Mesio.100 Teria de comprido meia légua.101
As freguesias de Alvarenga e de Santa Margarida tinham diversas fontes de águas,102 por sinal muito apreciadas, ainda que nelas não fossem conhecidas quaisquer virtudes medicinais.103
100 - “Com movimento vagarozo corre pelo meyo desta freguezia [Casais] (…) o rio chamado Mezio, que tem seu nascimento no fundo da Serra de Barrozas, no distrito da freguesia de Souzella (…). Nasce do centro e fundo da dita serra (…). Reforçasse sua corrente a hum coarto de legoa na freguesia de S. João de Covas, com outro regato igual (…) chamado aly Rio de Muinhos, e junto daly athé onde entra no Rio Souza, se vay augmentando por onde passa com mananciais lemitados, que o constituhen rio piqueno, mas muyto aprazivel em seu curso, que em qualquer parte se atravessa de cavallo, mas náo de pé, sem molhar ambos os giolhos, em largura de 40 athé 50 palmos. (…) Entra no rio chamado Souza, entre as freguezias de Bittarais, e da Villa de Arrifana de Souza, e donde nasce athé que finaliza, corre em distancia de duas legoas. Em toda a sua extençáo tem asudes em que se repreza agoa para muinhos, e para regar. Tem somente muinhos de milho. Uzáo os cultores livremente de suas agoas. (…) Corre por 9 freguezias: Souzella, Sáo João de Covas, Santa Eulalia, Christellos, Sáo Payo, Novogilde, Beyre, Lodares, Bittarais.” I. A. N. /T. T. - Dicionário Geográfico, 1758, vol. 10, fl. 1588.
101 - I. A. N. /T. T. - Dicionário Geográfico, 1758, vol.35, fl. 1229.
102 - “Tem varias fontes de cristalinas agoas, com virtude natural mas nellas não se conhece especialidade digna de relação.” I. A. N. /T. T. - Dicionário Geográfico, 1758, vol. 21, fl. 1316.
103 - “Não nasce rio della mas varias fontes para todas as partes e de bonnas agoas, como são as da fonte de São Christovão da Freguezia de Santa Maria de Souzella e estas com virtude pella devocção do ditto Santo, aonde na véspera deste dia concorre muita gente a tomarem banhos em a dita agoa.” I. A. N. /T. T. - Dicionário Geográfico, 1758, vol. 21, fl. 1316.
dia_internacional_monumentos_sítios
Blogs de interesse
Instituto Português do Património Português
Visit Portugal - Patrimonio Mundial
Viagens pelo patrimonio de Famalicão-Portugal
patrimonio cultural (wikipedia)
Patrimonio natural de trás-os-montes
Patrimonio Geologico Português
convençao para a prtecção do patrimonio mundial
Políticas museológicas e definição do conceito de Património
Roteiro para o Património - Apresentação do Roteiro para o ...
Lousada - Património Histórico