Lousada! Que lindo nome!
nome cheio de poesia,
cheio de encantos, de aroma,
de candura e harmonia!
Mais alvo que a própria neve,
mais brando que a aragem leve
mais claro que a luz do dia!
Junto das fadas mais belas
vindas para te fadar
na amplidão do céu azul
te mandou Deus fabricar,
debaixo de sete estrelas,
com beijinhos de donzelas
numa noite de luar.
Jorial
16/VII/[19]34
Jornal de Louzada, 29 de Setembro de 1934m p. 1, nº 1985
O Cruzeiro Paroquial
Situa-se no lugar da Igreja e está implantado no meio da estrada, em frente ao Cemitério e a duzentos metros da Igreja matriz.
É propriedade da Igreja Católica.
Construído em granito em data que se desconhece.
Está em razoável estado de conservação.
É um Cruzeiro Paroquial de Processional.
A cruz é latina, oitavada e assenta na base. Podemos ver vestígios de uma cruz de Cristo em mármore que assinalava as comemorações centenárias (1140, 1640 e 1940).
Não tem pedestal.
A plataforma é quadrangular e tem três degraus de arestas vivas, sendo que um deles está praticamente soterrado.
O Cruzeiro da Tapada
Localiza-se no meio do entroncamento, no lugar da Tapada.
É propriedade da Igreja Católica.
Construído em cimento-betão no ano de 1979.
É um Cruzeiro de Memória.
Está em mau estado de conservação.
A cruz latina e oitavada assenta na base.
No centro da cruz está uma placa em mármore, em forma de losango, onde está escrito: “Recordação da Comissão de Festas de S. Miguel – 1978, inaugurado em 06.05.79”.
A plataforma é circular, de três degraus, sendo que um deles se encontra parcialmente destruído e soterrado.
VIEIRA, Leonel - Os Cruzeiros de Lousada, U. Portucalense, 2004.
1.º - Esta situada na provincia dentre Douro e Minho no Arcebispado de Braga comarqua de Guimaramis, parte no termo do concelho de Unham, e parte no termo do comceilho de Santa Crus de Riba Tâmega.
2.º - He terra de donatario, a saber a parte do termo de Unham do excelentissimo Conde do mesmo titullo de Unham, e a parte do termo de Santa crus do excelentissimo Conde Meirinho Mor.
3.º - Tem esta freguezia setenta e hum vezinhos em que se contam sento e noventa pessoas de sacramento e vinte menores repartidos por diversas aldeias piquenas, como he a de Souzelinha que esta separada do continente da freguezia, em lhe mediando outra freguezia de Sam Mamede de Alentem, e dentro do continente da freguezia Sam as Aldeias chamadas dos Cazais, Sima de Villa, Barral, Mercê, Deveza, Villar, Forno, Eido, fonte, Portella, Boucinhas, Torre, Deveza, Torno e Castanheira, sendo algumas destas aldeias simples casais de hum ou dous moradores.
4.º - Esta situada em hum piqueno valle e pouco fundo que discorre do Nordeste, ao Sudueste na serra da Comieira caindo mais a parte do Poente, della se nam descobre pubuaçam alguma de fora.
5.º - Do que fica dicto lhe he.
6.º - A parochial e cazas da residencia do parocho junto a esta esta so no meio da freguezia.
7.º - O seu orago he da Asumpsam, e se selebra no seu dia tem coatro altares, o altar mor da Senhora da Asumpsam, outro do S. Nome de Jesus e Senhora da Ajuda, outro da Senhora do Rozario, e outro de Sam Miguel Arcanjo, a coal esta anexa a irmandade das Almas debaixo do patrocinio do mesmo Sam Miguel, nam tem naves.
8.º - O parocho tem o titullo de abbade, aprezentaçam do ordinario, tera de rendimento por tudo o que lhe dis respeito entre pasal, dizimos, e mais veneras duzentos e vinte mil reis pouco mais ou menos segundo o preso dos frutos, porem dos dizimos se aplicou antiguamente metade para o Colegio dos Padres Jesuitas da cidade de Braga cuja parte lograra em setenta mil reis pouco mais ou menos, e por isso sò ficam para o abbade sento e sincoenta mil reis hum anno po outro.
9.º - Nada
10.º - Nada.
11.º - Nada.
12.º - Nada.
13.º - Nada.
14.º - Nada.
15.º - Os frutos que produs a terra em maior abundância he milho grosso, milho miúdo, painso, e senteio, e feijomis, e pouco trigo, e sebada, da bastante vinho verde de mediucre generosidade, alguma castanha e landre e fruta de toda a casta.
16.º - Hum, e outro dos sobreditos concelhos em que esta situada esta freguezia tem juis ordinario, e camera que nam sam subjeitas a justisa alguma de outra terra mas Só aos superiores ordinarios por agravo, ou apelasam.
17.º - Nam.
18.º - Nada.
19.º - Nada.
20.º - Servese pello correio de Arrifana de Souza distante duas legoas.
21.º - Dista da cidade capital de Braga sete, digo seis para sete legoas; e da de Lisboa.
22.º - Nada.
23.º - Nada.
24.º - Nada.
25.º - Tem somente esta freguesia na parte superior a antequissima torre chamada de Villar mui forte que segundo a tradisam vulgar he do tempo dos godos, esta situada em sima de um durissimo rochedo que so de algumas partes dos licerces teve sobresahido à terra de huma piquena colina sobre que jas, tera de alto a dicta torre setenta e sinco athe oitenta palmos,e de diametro tomado pellas fases defora, tem corenta e dous palmos correndo de Sueste para Nordeste, e de outra parte correndo do Nordeste para Sudueste tem de diametro segundo as fases exteriores trinta e hum palmos, as suas paredes tem de corpo seis palmos, e sam tanto por dentro como por fora de pedra viva durissima de cantaria de fiadas quazi de igual porposam e suficientemente polidas, mas, as junturas das pedras comidas do tempo mostram maior abertura do que nos seus principios poderia ter, indicio da sua nimia antiguidade, nam tem ameias mas indicio de em outros tempos ter sido com ellas ornada, tem huma unica porta no solo ou logia que tem de largo seis palmos e de alto des athe a padieira que defende do pezo hum escarsam de arco de meio ponto, tem na fase que fica para o lado este duas genellas, e outras duas na fase que fica para o Noroeste, e na face que fica para o Nordeste tem tres genellas, e coatro na que fica para o Sueste porem todas estas genellas pela face exterior da torre so se divizam abertas em frestas de hum palmo de largo, exceto huma que fica a parte esquerda da face do Sueste, contra que fica no meio da face do Sudueste que estas se devisam por fora rozas com a mesma grandeza de cume que por dentro tem os sinais das dictas genellas e descara dos bigamentos que pella parte de dentro tem e se devizam no projecto de algumas pedras indicam ter cido havitaçam de duas ordens de subrados, alem de hum intersoto por sima da logia, e pella fase exterior de Noroeste se devizam lugares de vigamento de alguma caza incostada, nam se achar ella matrial algum de madeira, nem mostra ser acentada em argamasa, achace totalmente ileza, e com a siguraramsa primordial sem ter ahinda levissimo indicio de ruina, nem tendência della ahinda dipois do memorial terramotu de mile setesentos e sincoenta e sinco annos, o estado da sua caza mostra nam se ter extrahido do corpo della pedra alguma.
26.º - Nada
27.º - Nada
Serra
A serra em que esta situada esta freguezia chamace a serra de Comieira, que discorre do Nordeste, principiando desta parte no lugar da Lixa distante desta freghezia huma legoa para o Sudueste para cuja parte acaba na Villa da Rifana de Souza tendo de comprido tres legoas, e de longo neste sitio meia, compriendendo ambas as suas partes digo ambas as suas fases, esta freguezia esta em parte mais baixa nam tem brasos alguns e pella parte do Noroeste discorre pello pe da serra a Ribeira e Rio de Souza e da parte de Sueste discorre outro vale e hum piqueno regato chamado rio de Eidos que rega os campos da freguezia e couto de travanqua com quem esta freguezia confina por aquella vanda no alto da serra, e pella parte do Sudueste confina com a de Sam Mamede de Alentem, e pellas partes do Norte com a de Sam Pedro fins do Torno, e pella parte do Sul com a de Sam Pedro de Caide de Rei.
4.º - Tem esta freguezia hum piqueno ribullo que dedus sua origem de dentro della mesmo na parte suprema que fica pa o Nordeste e Cursando pello fundo do Valle ja memora do segundo os rumos delle entra na freguezia de Sam mamede de Alentem onde fenece no Rio Souza, com o curso de hum coarto de legoa e por isso prinsipalmente nesta freguezia he tam pobre de agoas que se exgotam todas para regar os campos com a providencia de devezas, so na parte inferior desta freguezia no tempo de inverno tem atidam para rodar hum muinho único que nos lemites della existe, e nenhum peixe produs porque no tempo do estio fica quazi exausto.
5.º - Nada.
6.º - Nada.
7.º - Nada.
8.º - Nada.
9.º - Nada.
10.º - he de temperamento quente mas predus pouco por ser terra pisarronta.
11.º - Nam tem criacam degados, a casa que criasam coelhos perdizes, e lebres, porem de tudo, pouco.
12.º - Nada mais.
Rio
1.º - Pello lugar de Souzelinha desta freguezia, pasa o rio chamado Souza que tem sua origem no concelho de filgueiras distante legoa e meia.
2.º - Corre todo o anno e se forma com mananciais de agoa de diversas partes.
3.º - Entram nelle mais asima o regato de Sam Fins na freguezia de S. Pedro do Torno, e regato de Macieira em a freguezia de Sam Thiago de Sernadello.
4.º - Nam.
5.º - He de curso quieto por estes distritos.
6.º - Corre do Nordeste ao Sudoeste.
7.º - Cria peixes barbos, trutas, escallos, bogas, e inguias grandes, sendo mais abondante de barbos e bogas.
8.º - Nam ha nelle pescarias regulares mas so particulares sem ordem lemite do tempo que nam he defexo.
9.º - As pescarias sam livres em todo o sitio.
10.º - Todas as suas margens se cultivam e particullarmente neste destrito onde ha fertilicimos campos, e na veira do rio se produzem comomente amieiros, salgueiros e tambem carvalhos onde se acostam videiras para produçam de vinho.
11.º - Nam se conhese.
12.º - Comserva o mesmo nome athe o fim, e principia ater mais asima hum coarto de legoa mais para meia legoa emtre as freguezias de Unham, e Pedreira onde se unem
dous brasos principais que athe ahi não tem nome proprio e do contrario nam ha memoria.
13.º - Morre no rio Douro mais abaixo seis legoas no lugar chamado Souza defronte da Villa de Arnellas asima da Cidade do Porto duas legoas.
14.º - Só tem varios asudes para muinhos que inpediriam navegaçam (…) fose navegavel.
15.º - Tem mais asima meio coarto de legoa a unica ponte de cantaria de hum arco chamado da Veiga na freguezia de Sanfins, e outros varios pontilhonis de pau, e pedra em diversas partes, e para baixo tem de cantaria arcoada, as pontes de Villela, Nuvellas, Sepeda, de que tenho noticia.
16 - Por todo elle ha munta copia de muinhos de rodízio e cal, e na freguezia de Sam Christovam de Lordello dous lagares de azeite sendo que hum esta ao prezente inpedido
de moer com as agoas, e o outro lagar nesta freguezia no lugar de Souzelinha onde tambem há muinhos de pam.
17.º - Nam consta
18.º - Os povos vezinhos uzam para a cultura dos campos de suas agoas onde ha comodidade para isso libremente.
19.º - Tera de curso desde a sua origem e onde fenece sete para oito legoas nam pasa por pubuasam alguma mais do que por baixo da Villa de Arrifana de Souza.
20.º - Nam me ocorre mais cousa alguma digna de memoria a respeito dos interrogatorios a que dou satisfaçam como pude em cumprimento da ordem que me foi apresentada com os mesmos interrogatorios em o dia sete de Abril de mil e setesentos e sincoenta e oito annos, e por verdade me asigno com os dous parochos mais vezinhos o Reverendo felis Antonio, vigario de S. Pedro Fins do Torno e o Reverendo Joam Teixeira Ozorio vigário de Sam Mamede de Alentem, hoje sua magestade de Villar do Torno e de Maio 20 de 1758. O abbade Francisco Joseph de Souza Andrade, o vigário João Teyxeyrara Ozorio, o vigário Felix Antonio Borges.
(I. A. N. T. T. - Diccionario Geográfico. 1758, Vol. 41 fl.1873 a 1881.), SILVA, José Carlos Ribeiro da – A Casa Nobre No Concelho de Lousada, FLUP, 2007
Lousada é uma terra com profundas raízes católicas, como tal compreende-se que entre o seu vasto património abunde um elevado número de Cruzeiros. Com excepção de Caíde de Rei e Silvares, todas freguesias têm mais do que um Cruzeiro e todos com características bem diferentes uns dos outros.
Em cima dos penedos, nas encruzilhadas, nas bermas dos caminhos, em locais inóspitos, assinalando mortes violentas ou acontecimentos nefastos, junto das Igrejas e Capelas, os Cruzeiros são sempre erguidos de forma a sacralizar o espaço.
Os Cruzeiros fazem parte da memória colectiva da comunidade. São sinais de um tempo que chegou até nós como património cultural e artístico.
O Cruzeiro tornou-se numa referência de fé para a comunidade.
Os crentes colocam velas e rezam junto ao Cruzeiro. Suplicam a Deus para afastar os maus espíritos, o diabo, as bruxarias e o mau-olhado. Pedem saúde e boas colheitas.
Os Cruzeiros convidam à oração e são o símbolo do bem contra o mal.
Muitos dos actuais Cruzeiros do concelho de Lousada foram erigidos em locais ermos. O progresso desordenado é que os aproximou das habitações.
A maioria dos Cruzeiros de Lousada, apesar de abandonados, ainda está em bom estado de conservação.
Concluímos ainda que o concelho não possui qualquer Calvário e tem apenas três Via-Crusis, uma em Casais, outra em Lodares e outra em Covas, estando esta última praticamente destruída.
É urgente reabilitar os Cruzeiros que se encontram danificados e colocar em prática um projecto sério de preservação. Aliás, esta ideia deve ser extensiva a todo património construído do concelho.
(...)
VIEIRA, Leonel - Os Cruzeiros de Lousada, U. Portucalense, 2004
Ficha de Inventário
Capelas Públicas de Lousada
- Edifício - Capelas - Arquitectura -
Capela de S. Cristovão |
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Identidade(Anterior/Actual) Capela de S. Cristovão
Data construção Séc. XVIII Localização St.ª Águeda - Sousela
Inserção Ed. no Património Lugar de St.ª Águeda - Sousela
Classificação Oficial Capela pública
Proprietários Igreja de Sousela
Regime Jurídico Público
Estado de Conservação Excelente Bom X Razoável Mau
Protecção e Valorização Existente Recomendável X |
Análise Arquitectónica:
Na base da sua frontaria pode ver-se três gárgulas em forma de máscaras humana. A capela de S. Cristovão é em cantaria de junta tomada (irá ser).
As gárgulas são sobrepujadas por uma almofada.
A frontaria mostra-nos um arco de volta perfeita peraltado, vendo-se as impostas, tapado com simples tijolos de “mecam”, tendo nessa parede uma pequena abertura - em arco de volta perfeita - e duas pequeninas frestas rectangulares e verticais.
O remate do entablamento é feito por imagens, esculturas em granito, de que não é fácil distinguir o seu nome, dado o grau de deterioração que apresentam.
Sobrepujando o frontão, S. Cristovão, igualmente uma escultura em granito (a precisar de restauro).
No alçado esquerdo há uma porta que dá acesso ao templo e é precedida por uma pequena escadaria.
O alçado norte tem sobrepujando o frontão, uma escultura - assente no acrotério (todas as esculturas que representam imagens de santos ou dignatários da Igreja e até figuras equestres, assentam em acrotérios) - de um santo, doutor ou dignatário da Igreja. E os remates do entablamento são feitos por esculturas em granito que representam imagens de santas (de difícil identificação).
O alçado direito tem uma pequena porta que permite o acesso ao pequeno templo.
SILVA, José Carlos Ribeiro da - As Capelas Públicas de Lousada, U. Portucalense, 1997
Ficha de Inventário
Capelas Públicas de Lousada
Edifício - Capelas - Arquitectura
Capela de Sr.ª Aparecida |
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Identidade(Anterior/Actual) Capela de Sr.ª Aparecida
Data construção Séc. XVIII Localização Aparecida - Lousada
Inserção Ed. no Património Sr.ª Aparecida - Torno
Classificação Oficial Capela pública
Proprietários Igreja do Torno
Regime Jurídico Público
Estado de Conservação Excelente Bom X Razoável Mau
Protecção e Valorização Existente Recomendável X |
Análise Arquitectónica:
Capela de cantaria rebocada, com torre sineira, com o adro delimitado com balaustrada em granito e o chão calcetado em granito e o chão calcetado em granito e com um imponente escadório que dá acesso à porta principal do templo.
Na frontaria pode ver-se porta principal - ao centro - sobrepujada por uma edicula, com uma imagem em granito de N. Sr.ª Aparecida, tendo a coroa adossada à parte central do arco de volta perfeita (a coroa está fora da edicula).
A frontaria tem pilastras e o remate do entablamento é feito por pirâmides. O frontão com duas volutas, interrompido por cruz latina.
Torre sineira com 3 sinos, porta moldurada no primeiro andar e janela moldurada. No 2.º andar um relógio que tem a inscrição: M. H - Albergaria-A-Velha, 1946”.
Os arcos que contêm os sinos são de volta perfeita e os remates do entablamento são em forma cónica. O coruchéu é sobrepujado por uma cruz de cor verde.
No alçado esquerdo uma fresta moldurada (na torre sineira).
Na sacristia podem ver-se quatro frestas molduradas e envidraçadas.
A capela mor apresenta um janelão moldurado e envidraçado.
A meio da capela - o frontão (“empena”), é encimado por uma cruz latina e o remate do entablamento é em forma de pirâmide.
No alçado norte o remate do entablamento tem a forma de pináculos. No seu lado direito - na sacristia - pode ver-se a porta principal da mesma e também se vislumbra a torre sineira, mormente o seu sino mais pequeno. Vê-se, também, a meio da capela, no início da nave, o remate em pirâmide do entablamento.
Na nave - alçado direito - duas janelas molduradas e envidraçadas e uma porta moldurada.
A capela mor tem uma porta moldurada e uma janela envidraçada e moldurada.
Na última pilastra da capela mor, topo norte, há uma pequena placa em mármore, onde se pode ler “Gradeamento e Calcetamento. Obras do benemérito Ex. mo. Sr. João R. S. Magalhães”.
Sob o adro, do lado direito da capela, existe uma pequena ermida, construída nos anos 60 (deste século).
Frontaria porticada, com quatro colunas, e com remates do entablamento em forma de pirâmide. Ao centro, um frontão, tendo no timpano um pequeno frontão insculpido que contém um mais pequeno com duas volutas que nascem de um escudo sobrepujado por uma cruz, sendo esta ladeada pelas letras “S.A.” (Senhora Aparecida). Ao centro, um portal (de acesso à ermidinha), que tem no lintel esculpido “ .”. Ladeando portal há duas portas molduradas.
Entre os espaços livres do portal, portal e colunas adossadas, a frontaria da ermida é revestida de azulejo.
SILVA, José Carlos Ribeiro da - As Capelas Públicas de Lousada, U. Portucalense, 1997
A maior parte das capelas datam do séc. XVIII. Raras são aquelas que se podem datar no séc. XVII.
Do séc. XIX só a capela do Sr. dos Aflitos e do séc. XX só a capela de St.º Amaro, que foi ampliada e transformada em 1981 numa capela moderna, já que na origem remontava ao séc. XVIII, era do tipo de S. Gonçalo de Macieira.
Quase todas são de pequenas dimensões, exceptuando-se as capelas do Sr. dos Aflitos, Sr.ª Aparecida e N. Sr.ª da Ajuda.
Normalmente localizam-se em locais, em pontos ou num ponto alto da freguesia, se calhar para estarem próximo de Deus ou para exorcizarem a apotropaicizarem, o espaço envolvente de entes malignos.
Estão - na sua grande maioria - em locais isolados, longe da sede da freguesia (Sant’ Ana, S. Gonçalo - Lustosa, etc.).
Há afinidades entre elas, a nível tipológico. A capela de St.º Ovídio, a capela de S. Gonçalo, a capela de N. Sr.ª da Conceição, a capela de St.ª Águeda, são constituídas por um alpendre, uma galilé, sustentado por colunas de granito ou de ferro (N. Sr.ª da Conceição), ou de cimento (S. Gonçalo - Lustosa).
São quase todas construídas em granito.
Com cruz latina.
Com remates do entablamento piramidais.
Na sua construção - arquitectura - nota-se um cunho popular (artistas da terra, da região, sujeita a condições sócio económicas, sem o “academismo” imposto, vindo dos grandes centros urbanos.
Raras são as capelas que têm pia baptismal; excepto a capela de N. Sr.ª das Necessidades e do Sr. dos Aflitos.
O estado de conservação das capelas Públicas é bom de uma forma global.
Quase todas as capelas foram sujeitas, ao longo dos tempos, a obras de restauro e ampliação.
Na sua grande maioria são - e estão - bem preservadas.
A grande lacuna - nelas todas - é a falta de um adequado projecto de valorização. As capelas são - e quase só - conhecidas dos devotos de santo ou santa da sua invocação e dos habitantes da localidade onde está implantada. Mesmo as capelas da Vila não têm tido a projecção a que têm direito. A grande lacuna reside neste capítulo, assim como nos restauros que são realizados e que nem sempre obedecem ao rigor desejado.
PLANO DO SEMINÁRIO
Inventário das Capelas Públicas do Concelho de Lousada
- Vertente Arquitectónica.
1- Introdução.
2- Caracterização do Concelho de Lousada - Aspectos geomorfológicos - um pouco da sua história.
3- Metodologia - Bibliotecas a consultar (Biblioteca Municipal do Porto, Depósito de Livros, Jornais, etc., de Lousada, Biblioteca Municipal de Penafiel, Paços de Ferreira, Paredes, etc.)
ÞPeriódicos/Semanários - Jornal de Lousada, TVS., Novas do Vale de Sousa, Repórter do Marão, O Heraldo, Vida Nova, etc.
ÞCapelas.
ÞFichas.
ÞFotografia.
ÞReunir o maior número de dados.
ÞReunir o máximo de informação.
ÞDificuldades.
4- As Capelas de Lousada - freguesia por freguesia (leituras de conjunto).
ÞAspecto arquitectónico.
ÞAspecto artístico (interior, exterior).
ÞTipologias.
5- Breves considerações sobre o Património inventariado.
6- Conclusões.
7- Anexos.
8- Bibliografia.
Data de apresentação - 15 de Setembro.
SEMINÁRIO - As Capelas Públicas de Lousada.
1-Levantamento Bibliográfico - (B. M. Porto) Jornais locais, essencialmente o Jornal de Lousada (1907) - refere-se a várias capelas, mais às que estão perto ou no centro da Vila de Lousada e que foram objecto de obras e melhoramentos.
O concelho tem 26 freguesias - Há freguesias com uma ou mais capelas (nunca mais de três na mesma freguesia). E há freguesias que não têm nenhuma capela pública.
Há freguesias que não têm capelas públicas Caíde de Rei, Vilar do Torno e Alentém, St.ª Eulália de Barrosas. Há capelas que já existiram e hoje estão em ruínas (S. Brás - Caíde, St.º António - Sousela, etc.) ou desapareceram mesmo. Há referências delas nos jornais (locais) e nos dicionários corográficos - Padre Carvalho, Pinho Leal, Américo Costa, etc.).
O Jornal de Lousada - É a minha principal fonte - refere-se, em artigos publicados nas suas páginas, às obras e melhoramentos introduzidos e realizados nesta ou naquela capela ao longo do tempo, assim como as datas de construção e um ou outro contrato estabelecidos com os mestres de obras, etc.
Os outros jornais consultados (TVS., NVS., RM., etc.), forneceram elementos do mesmo teor.
O Levantamento Bibliográfico - está quase no fim, está praticamente na sua fase final. A consulta a obras, dicionários corográficos, folhetos, revistas, etc., sob o concelho de Lousada está a terminar.
2- Levantamento de Campo - (trabalho...) ainda não está concluído. Fotografar e tirar notas de perto de meia centena de capelas não é fácil, nem rápido.
Contudo estamos perto do seu fim. Poucas (meia dúzia de freguesias) são as capelas que ainda não foram estudadas.
O concelho de Lousada é muito rico em capelas públicas (e particulares - belos exemplares - mas que fogem ao âmbito deste Seminário, só capelas públicas).
As capelas públicas de Lousada estão bem preservadas - na sua grande maioria. Os párocos, as confrarias, e as Comissões Fabriqueiras têm tido máximo cuidado em proceder ao seu restauro sempre que necessário (a população dá o seu contributo para as obras de restauro); o exemplo mais recente e actual é o restauro que está a ser realizado na capela de St.ª Águeda - Sousela.
A única Valorização que propomos é uma melhor, maior e mais eficaz iluminação exterior das capelas (quase nenhuma tem focos dirigidos de forma a realçar os seus belos traços arquitectónicos), assim como placas de sinalização, a indicarem (correctamente) a sua existência e, o melhor percurso para atingir o local onde se encontra erigida (normalmente no cimo de um monte ou colina).
Também era de bom tom um folheto explicativo narrando e alertando para a existência de capelas, nas sedes de juntas de freguesias, nos serviços paroquiais e no Posto de Turismo do concelho de Lousada (na sede da Vila).
3- O meu Seminário está pois, numa fase tipo “diamante em bruto”, em que só a partir de agora, isto é, mais duas ou três semanas, começará a ser devidamente “lapidado”, isto é, só a partir dessa altura poderei iniciar o dito processo final, ou seja, o processo de síntese.
Para além de uma abordagem às realidades intrínsecas do concelho de Lousada, estudarei as capelas públicas de Lousada - freguesia a freguesia - na sua vertente Arquitectónica.
Posso referir, antecipadamente, que as capelas públicas em estudo, compreendem um espaço de tempo que medeia os finais do séc. XVII e vai até aos finais do séc. XIX.
Há também freguesias que no séc. XVII - XVIII tinham capelas públicas - que serviram de local de culto enquanto as actuais igrejas eram construídas e hoje não existem (existem referências bibliográficas).
O trabalho de Seminário será mais um largo conjunto de Fichas de Inventário (vertente arquitectónica), fichas de diferentes matrizes, para além de uma cuidada referência ao concelho de Lousada - suas origens, sua história e seu património (nas suas diferentes realidades, mas em sinopse).
Obs.: Em anexo (ao Seminário) aparecerão, em princípio, exemplares de capelas particulares e/ou interiores de algumas capelas públicas, para termos uma visão mais realista da riqueza e da Arte Sacra do concelho de Lousada, verificando-se uma beleza e grandiosidade ímpar.
Por último, é minha convicção que até ao dia 15 de Setembro entregarei o trabalho de Seminário ao meu orientador - Dr. Manuel Joaquim Moreira da Rocha.[Hoje Prof. Doutor, e na FLUP, foi meu Co-orientador na minha tese de mestrado: «A Casa Nobre No Concelho de Lousada».
Porto, 18/4/97
O Cruzeiro Paroquial
Situa-se no lugar da Igreja, no meio de um entroncamento, em local sobranceiro e aproximadamente a duzentos metros da Igreja matriz.
É propriedade da Igreja Católica.
Construído em granito.
Desconhece-se a data em que foi edificado.
Encontra-se em bom estado de conservação.
A cruz é quadrangular, golpeada nas pontas e assenta sobre um globo que mais parece uma pinha.
O capitel é de ordem toscana.
O pedestal é composto pela cornija, dado cúbico e soco. A cornija e o soco são mais salientes que o dado.
A plataforma é quadrangular e de um só degrau, mas pode ainda ver-se vestígios de um segundo degrau.
Este Cruzeiro é um dos mais belos e monumentais do concelho.
O Cruzeiro do Cemitério
Está implantado no meio do Cemitério, sito no lugar da Igreja.
É propriedade da Junta de Freguesia de Lousada (Santa Margarida).
Construído em granito e em data que se desconhece.
Esta em bom estado de conservação.
A cruz é alta e assenta directamente no fuste. A cruz tem um crucifixo em metal.
O fuste é oitavado na sua quase totalidade, pois junto à plataforma é quadrangular.
A plataforma é quadrangular e tem dois degraus.
O Cruzeiro do Lugar da Capela
Situa-se na margem direita da estrada nacional Lousada/Barrosas, no lugar da Capela.
É um Cruzeiro de limite de Capela, pertencia à Capela da Casa de S. José que foi destruída.
Actualmente é propriedade da Igreja Católica.
Construído em granito em data que se desconhece.
O estado de conservação é razoável.
A cruz é latina e quadrangular e a encimá-la tem uma série de volutas, o que lhe dá um aspecto de Cruzeiro com coroa. A cruz está ornamentada com um desenho em forma de sol e toda ela está repleta de losangos.
O fuste assenta sobre a cornija. O pedestal, além da cornija, é também composto pelo dado.
O Cruzeiro da Capela de Santo Amaro
Está edificado no topo nascente do Adro da Capela de Santo Amaro, sita no lugar com o mesmo nome.[4]
É um Cruzeiro de limite de Capela construído em granito.
Está em bom estado de conservação.
É um Cruzeiro robusto, sem ser artístico ou elegante, mas belo na sua rudeza.
A cruz é latina, quadrangular e simples.
O fuste é quadrangular nas partes laterais e diminuído na central.
O pedestal é formado pela cornija e pelo dado cúbico.
A plataforma é quadrangular e tem dois degraus.
Este Cruzeiro é um dos mais sóbrios do concelho.
VIEIRA, Leonel - Os Cruzeiros de Santa Margarida, U. Portucalense, 2004
O Cruzeiro do Cemitério
Encontra-se sensivelmente ao meio do Cemitério, sito no lugar da Igreja.
É propriedade da Junta de Freguesia de Lodares.
Construído em granito, desconhecendo-se a data em que foi edificado.
Está em bom estado de conservação.
A cruz é quadrangular e assenta na base que, por sua vez, sobrepuja o pedestal. A haste vertical é mais alongada que a horizontal.
O pedestal é composto pela cornija e pelo dado cúbico.
A plataforma é quadrangular e tem dois degraus, um deles está parcialmente soterrado.
O Primeiro Cruzeiro da Via-Crusis
Está colocado na Mata do Passal, em local elevado e sobranceiro, mesmo em frente à Igreja matriz. Este Cruzeiro é igual ao sexto da mesma Via-Crusis.
É propriedade da Igreja Católica.
Construído em granito e em data que se desconhece, tal como toda a Via-Crusis.
Está em razoável estado de conservação.
A cruz é latina, quadrangular e estriada. A haste vertical é mais alongada que a horizontal.
A cruz assenta na cornija.
O pedestal é composto pela cornija e pelo dado cúbico.
O Segundo Cruzeiro da Via-Crusis
Situa-se na mesma Mata do Passal.
Este Cruzeiro é igual ao terceiro, quarto e quinto da mesma Via-Crusis.
Encontra-se em razoável estado de conservação.
A cruz é alta, quadrangular e assenta na cornija. A haste vertical é mais comprida que a horizontal.
O pedestal compõe-se pela cornija, pelo dado cúbico que está praticamente enterrado.
O Sétimo Cruzeiro da Via-Crusis
Encontra-se na mesma Mata do Passal e é um dos mais interessantes deste conjunto.
Está em razoável estado de conservação.
A cruz é embolada, estriada e a encimar a haste vertical há um tipo de “capitel” que não se consegue definir. A haste vertical é muito mais alongada que a horizontal e assenta na cornija.
O pedestal é composto pela cornija e pelo dado cúbico. O dado praticamente enterrado está ornamentado com flores nas suas quatro faces.
O Oitavo Cruzeiro da Via-Crusis
Situa-se na mencionada Mata do Passal. Este Cruzeiro é igual ao nono, décimo, décimo primeiro, décimo segundo e décimo terceiro da mesma Via-Crusis.
Está em razoável estado de conservação.
A cruz é latina, quadrangular, estriada e assenta na cornija. A haste vertical é mais alongada que a horizontal.
O pedestal é composto pela cornija e pelo dado cúbico.
Ao contrário dos Cruzeiros anteriores, o dado destes é bem visível e as estriadas só aparecem na face da haste vertical.
O Décimo Quarto Cruzeiro da Via-Crusis
Encontra-se na referida Mata do Passal e é o Cruzeiro que se situa no ponto mais alto da Via-Crusis.
Está em ruínas. Precisa urgentemente de ser reabilitado.
Apesar do seu aspecto degradante percebe-se que se trata de um imponente Cruzeiro.
No local ainda é possível ver uma pequena parte do fuste que assenta na plataforma.
A plataforma é quadrangular e tem três degraus, sendo que um está quase todo soterrado.
VIEIRA, Leonel - Os Cruzeiros de Lousada, U. Portucalense, 2004
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